terça-feira, 18 de agosto de 2015


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Espécie análoga alguma, nenhuma medida em paridade. Não sei se sou pequena ou extensa,  se ruidosa ou quieta, se opaca ou reluzente. Só o embate com a dessemelhança. Perco o conhecimento pelas comparações. Recolho algumas pistas, mas custo a discernir o que é vestígio do que acabar de nascer.  Se me aproximo, é pelo tropeço, pelo deslize, pelo fôlego alterado em meio à placidez. Atingem-me sons que não decifro, serão de perigo ou  de escolta? O que posso conhecer é o resultado de cada impulso, desequilíbrio ou firmeza, deslocamento ou ápice de inercia. Há o indecoroso convite a nada reter e tudo tatear. Os contornos  ameaçam porque imensuráveis, mas também  guarnecem porque fieis às suas medidas singulares. O que trago comigo perde a consistência, é preciso encontrar nova munição. Alfabetizar-me em tons telúricos. Aprender a geometria dos mutualismos, a gramática das predações. Guardar, como  talismã, a lembrança de que nada é puro e sem sobras.  Forjar um novo conhecimento sobre mim mesma, perdendo a nostalgia das  semelhanças,  investindo nos efeitos de contato. E quando a hora da verdade for iminente, não fraquejar, depositar as armas no chão.

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