sábado, 22 de agosto de 2015


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Se aproxima em ritmo regular. Os passos poderiam passar por espontâneos não fosse uma levíssima flexão de joelhos a cada passada. Os braços estão relaxados.  Com o indicador desenha pequenos círculos no espaço, altera e mantém o raio da circunferência conforme algum critério indeterminável. Não demora muito em dar as costas e sair sem anúncios. Quando retorna, tece algumas considerações que não chegam a impressionar.  Seus trajes claros contornam com nitidez seu corpo de ampulheta, reconstituo mentalmente as últimas horas. Alguma definição se anuncia, mas não há indícios de pureza. Não apresentou resistência ao convite para investigarmos a origem da infiltração, mas se mostrou muito mais interessada no desnível dos planos, na variação das unidades. Com os olhos fixados num ponto distante, usa a ponta dos dedos para localizar algum fenômeno digno de atenção. Temos alguns instrumentos à disposição, mas prefere o método do atrito.  Seus diagnósticos são imprecisos e temerosos, mas adquirem súbita assertividade quando nos deparamos com um ninho de insetos. Entra no pequeno quarto e retorna empunhando um emaranhado de fios, folhas de jornal, fósforos e querosene. Relata alguma experiência definidora enquanto monta o instrumento de ataque. Flagro um gesto de avidez. Prefere os combates às investigações, as ameaças delineadas aos inimigos sigilosos. A euforia atinge seu ápice. A tarde perde e ganha consistência em um ritmo cujo impulso localizo tanto no centro do seu corpo variável como no ponto médio da menor distância entre nós. 

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