sábado, 16 de abril de 2011

Área Surda

Ao teu: salva-vidas, despir. Não me tolero, lençois, nós, nós, nós, pontes moles, paisagem antiga borrada no meu rosto. Me dobra em três, me derruba, me tira a voz até as pernas. Toda promessa perjura, me arrumo até me desfazer. Alma inconstante, carne murta. Primeiro: meu corpo inteiro, meio descabido, mas todo. Felicidade, tapar os olhos. Depois: capa de super-heroi. Depois: mãos dadas. Depois: abraço acéfalo. Depois: engolir facas. Emaranhados de luz contra cantos escuros, te sentir em todos os cantos, todas as dobras. Fragilidade fundante, espadachins, espasmos. Castelos de frágeis fossos, me ofusca. Parede, chão e cama, pedras, águas turvas. Grito, grito, grito, não posso gritar senão te acordo. Tontura, ar pesado, gastar-se por dentro. Olho perdido, pequeno frio. Dente por dente, animais selvagens, azulejaria, planta carnívora que morre de fome. Repensar a medida do possível, desfazer incorreções. Talvez o nosso maior heroísmo fosse o perdão. Então: perdoemos todas as coisas. Míope de fronteiras. Os espaços amplos para se alargar uma vida mansa. Centro da Terra, tua garganta. Teu jeito de franzir a testa quando bate o sol. Ver o rosto da realidade no olho da face sem forma.

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