segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Arte Bruta

Salivo de desejo, queria um mosteiro Beneditino para testar minha alma rala
Queria me embrenhar na seca, tomar pinga, distender meus braços latinos no pulso de um atabaque
Dançar de colant em Pernambuco
Colar um Bosch na parede com dupla face
Não evito gargalhada em meio ao pânico
Coberta de uma pele crua e emplumada
Arrisco o vazio da mente em meditações dolorosas
Como que para me salvar do mais simples de mim
Sincretismos fervorosos, lacuna apaixonada
Em nome do Sagrado Nada Entender, procuro o esquecimento, os dias letivos e devidamente ocupados. Desempenho a nudez solitária, experimento dormências e silenciosas núpcias. Me dissolvo de amor, tropeço na barra das calças, soluço há mais de uma semana. Canso-me da sedução pelo enigma, do leviano jogo de ausências, olhares cifrados, palavras gentis. Então fico perversa, altiva, etérea, louca de vontade de ir pra casa chorar um pranto quente, dissertando sobre todas as minhas misérias, entregando-me ao grande cansaço. Vem, amor antigo, tuas faces são metades de romã, na transparência do véu, teu pescoço é como a torre de Davi, construída com parapeitos, da qual pendem mil escuros e armaduras de todos os heróis, teu corpo é tormenta, mar aberto, ventania. Ou então deixa pra lá.

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